Glaucoma: causas, sintomas, diagnóstico e tratamento.

Por Ana Saha Pimenta

O glaucoma é uma doença que acomete os olhos, causado pela elevação da pressão intraocular (PIO) e mudança anormal no fluxo de sangue dentro dos olhos. Trata-se de uma condição incurável, que comprime o nervo óptico e compromete sua função. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma é a segunda maior causa de cegueira em todo o mundo. A doença atinge mais de 67 milhões de pessoas, das quais 10% são cegas. Estima-se que no Brasil cerca de 35 milhões de pessoas têm algum problema que afeta a capacidade de visão e que, desses casos, pelo menos 900 mil são diagnosticados como glaucoma. O diagnóstico precoce é essencial, pois os riscos de perda total da visão são elevados caso não haja um acompanhamento médico regular com o tratamento adequado [1,2]. 

É uma doença crônica que possui fatores de risco associados, sendo eles: idade acima de 40 anos; histórico familiar de glaucoma; miopia (dificuldade para enxergar de longe) e hipermetropia (dificuldade de enxergar de perto); raça (negros e amarelos); diabetes mellitus tipo 2 e ainda fatores genéticos e ambientais (multifatorial). [1,3]

O glaucoma pode ser classificado de diversas maneiras, entre elas: 

  • glaucoma suspeito por hipertensão ocular (HO) – PIO elevada e sem dano no nervo óptico ou anormalidades no campo de visão; 
  • glaucoma de pressão normal (GPN) – PIO sem alterações e com dano na funcionalidade do nervo óptico ou alguma anormalidade no campo de visão;
  • glaucoma secundário – PIO elevada e com dano na funcionalidade do nervo óptico ou alguma anormalidade no campo de visão. [1]

Os valores de PIO considerados normais devem estar na faixa de 10 a 21 mmHg durante a avaliação oftalmológica, realizada pelo menos uma vez por ano, já que a doença pode ser assintomática.[1] Com o agravamento do quadro, os seguintes sintomas do glaucoma tornam-se perceptíveis: perda gradual da visão periférica, por exemplo, objetos posicionados à frente podem ser vistos normalmente, mas os objetos posicionados no campo de visão lateral dos olhos podem não ser vistos com clareza; dor ocular intensa; cefaleia (dor de cabeça); náuseas e vômitos. [1,2,3]

Para a realização do diagnóstico do glaucoma, são necessários exames que determinem o valor da PIO em dias e horários distintos e avaliem o nervo óptico, campo visual e o fundo do olho [1,3,4]. O cuidado com a saúde ocular deve começar cedo, com o “Teste do Olhinho” realizado em recém-nascidos ainda na maternidade para a detecção e identificação precoce de possíveis alterações no eixo visual, a fim de garantir o desenvolvimento normal da visão durante o crescimento da criança. [2]

O glaucoma pode ser tratado utilizando-se de colírios, medicamentos orais, cirurgia a laser, cirurgias convencionais ou uma combinação desses métodos. O tratamento é focado na redução da PIO com o objetivo de impedir a progressão para a perda da visão  [3,4,5]. 

A intervenção é específica de acordo com a gravidade da doença, uma vez que existem diversos tipos de tratamento para pacientes com glaucoma, seja ele medicamentoso ou cirúrgico. O principal tratamento medicamentoso é feito com o maleato de timolol, que pertence à  classe dos betabloqueadores não seletivos e atua na redução da pressão ocular. Ele está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) na apresentação farmacêutica de colírio. Outros medicamentos, por exemplo, latanoprosta, dorzolamida e cloridrato de pilocarpina, são alternativas de tratamento, porém não estão disponíveis no SUS. Em alguns casos, a realização de procedimentos cirúrgicos à laser é essencial para otimizar o tratamento [1,4,5].

Atualmente, o SUS disponibiliza 19 procedimentos para acompanhamento, avaliação e tratamento do glaucoma. Os pacientes, ao procurarem uma das Unidades de Saúde da Família e receberem o diagnóstico de glaucoma, são encaminhados aos Serviços de Atenção Especializada e o acompanhamento é realizado por médicos oftalmologistas [3]. Para casos mais graves, o SUS oferece ainda a alternativa de transplante de córnea. No período de janeiro a maio de 2021, 436 procedimentos deste tipo foram realizados por todo o Brasil. [2]

É recomendado realizar o acompanhamento com o médico oftalmologista anualmente. Por fim, ressalta-se que pacientes que fazem uso contínuo  do colírio para o tratamento do glaucoma devem utilizar o medicamento de acordo com a orientação médica. Em caso de dúvidas, consulte um profissional de saúde de confiança. [1,2]

Referências:

[1] Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) – Glaucoma. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2022/20220325_relatorio_pcdt_do_glaucoma_cp_09.pdf

[2] Glaucoma: diagnóstico precoce e tratamento evitam perda da visão. Ministerio da Saúde. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021/maio/glaucoma-diagnostico-precoce-e-tratamento-evitam-perda-da-visao

[3] UpToDate. Open-angle glaucoma: Epidemiology, clínicas presentation, and diagnosis. Disponível em:

[4] UpToDate. Angle closure glaucoma. Disponível em:

[5] Shi-Ming Li, Ru Chen,Yuan Li, Zhi-Rong Yang,  Qiu-Ju Deng, Zheng Zhong, Moh-Lim Ong and Si-Yan Zhan.  Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials Comparing Latanoprost with Timolol in the Treatment of Asian Populations with Chronic Angle-Closure Glaucoma. PLoS One. 2014 May 9; e96852. Disponível em:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4016135/

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.